domingo, 30 de janeiro de 2011

- Alo?
- Fred?
- Sim...
- Alice.
- Diga...o que foi?
- Você está sozinho?
- Sim... Ia beber uma cerveja e ver TV.
- Eu estava pensando em você.
- Uhm
- Vem aqui para casa, estou sozinha.
- Não, é tarde.
- Aqui tem um vinho que ainda nem abri.
- Já passam das 22h.
- Eu espero, pode vir.
- É melhor não. Já está tarde.
- Então, conversa comigo.
- Já estou fazendo isso.
- Queria ver você.
- Amanhã, pode ser...
- Fred...
- Fala, Alice.
- Me convida.
- Para que?
- Ir para sua casa tomar uma cerveja...
- É tarde Alice.
- Eu levo o vinho... Uns CDs de Jazz...
- Alice...
- Conversamos a noite, escutamos musica e tomamos um Vinho...
- Já é tarde.
- Eu chego rápido.
- Já é tarde.
- Eu pego um Taxi.
- Alice.
- Eu quero te ver
- Alice.
- Estou com saudade.
- Alice.
-Por favor...
- Alice.
- Fred.
- Eu quero ficar sozinho.
-Mas,...
- Não Alice.
- Por favor...
- Até amanhã.
(desliga o telefone)

VINho

- Um copo
- De que?
- Vinho.
- Qual?
- O mais barato...
- Aqui senhora.
- Obrigada.
(Pausa)
- Alguma coisa mais, senhora?
- Atenção.
- Como, senhora?
- Você pode me dá um pouco da sua atenção?
- Isso não está à venda, senhora.
- Então me dê de graça, por favor.
Quero conhecer sua poesia...
- Gosto de está com você.
-Também.
- Você é maluca.
- Você engraçado.
(silêncio)
-Bem...
-Sim...
- É que...
- Diga...
- Sei que não sou um príncipe
- Isso não importa
- Serio?
- Me deixa ver isso aqui na sua boca...
(beijam-se)

AR Co - IIIres

Silêncio.
Pouca luz
Parede cheia de livros
Uma pequena mesa
Garrafas de vinho vazias
Taça usadas
Ele vem caminhando lentamente
Trás uma garrafa de vinho.
Coloca na pequena mesa.
Abre a vitrola
LP de Erik Satie
Música.
Abre o vinho
Enche uma taça.
Bebe
Pega um livro
Abre
Ler tristemente.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Joana Angelica

Joana Angélica é uma mulher comum.
Tem 25 anos e é formada em Artes Visuais.
Gosta de desenhar e pintar.
Coleciona livros.
Adora ver o colorido dos livros na estante da biblioteca.
Tem um gato de estimação.
Chamado de Picasso.
Mora sozinha.
Adora comer lasanha mas, cozinhar não é seu forte.
Consegue fazer pipocas carameladas, sua especialidade.
Adora mudar o cabelo. Fazer dele a sua arte.
Em um momento ela pode está loira de cabelo cacheado e comprido.
Ou ruiva, liso e até preto que nem carvão e super curto.
Gosta de unhas coloridas, inclusive as dos pés.
Adora tênis e vestido.
Trabalha como vendedora de uma livraria conceituada.
Acabou o namoro faz 3 meses.
Ele a atraiu com uma peituda dançarina de brega.
Passa os dias no trabalho e quando chega em casa ler um livro.
Conversa muito com seu Gato Picasso.
Tem poucos amigos, porém verdadeiros.
Mas, se sente muito só.
E se apaixona com facilidade.

Rosa vermelha

Odeio ir a médico. Sempre demoro a marcar a tal consulta. Faço careta, manha que nem criança pequena. Mas, como é necessário. Finalmente marquei. Vou ao dentista. Revisar, olhar se tem algo errado. E como morro de medo de doença grave é melhor ir mesmo.
A telefonista sendo bem amigável Marca às 8h da manhã de uma segunda-feira. Não vou começar a chamá-la de nomes feios, não vou.
Pronto. Cheguei ao consultório.
-Estou marcada para as 8h, Dr. Camila Rios
- Pode Aguardar.
Adorei. Prefiro médicas a médicos. Dentistas mulheres são mais sensíveis e calmas. O ultimo dentista homem que tive quase arrancou minha boca numa limpeza de tártaro. Medica mulher é melhor. Mas, delicada e paciente. Mulher entende mulher.
Depois de exatamente uma hora esperando a atendente me chama
E junto comigo vem um garotinho bem simpático. Ele entra primeiro e fico esperando minha vez. A atendente pede que eu entre.
Quando procuro a Dr. Camila Rios, minha médica, vejo um olhar bem marcante. Olhei para ele e fiquei sem ação. Literalmente sem ar e movimento.
A máscara cobria sua boca e só conseguia ver aqueles olhos.
Que olhos!
Ele é alto. Moreno claro. Cabelos lisos, pretinhos. E os olhos...
Os olhos um castanho tão profundo que perdi o chão
Quando me deparei com aqueles olhos
- Joana?
- Sim.
- Pode sentar nessa cadeira.
Como assim? Era uma mulher minha medica e me deparo com um Deus grego pedindo para que eu sente.
Não sabia onde colocava minha bolsa, meus óculos...
E meus óculos acabaram ficando perdidos na minha mão.
Ele senta ao meu lado. Meu desconforto aumenta.
Fico sem ação e olhando para ele de lado.
-Estou esperando as luvas.
Ah, sim...As luvas. Certo. Com cara de boboca continuei a pensar...
E ficar cada vez mais encantada com aqueles olhos.
Tão bonitos...
As luvas chegaram.
Enquanto ele olhava minha boca, eu olhava os olhos dele.
E com muito receio que ele percebesse.
Joana, se controla, você está no médico! Ele é seu médico.
Mas, como ele é bonito. Muito bonito. Que olhos...
Em toda consulta, pouco me importava a carie ou tártaro
Olhava para ele. O analisava. Via se tinha aliança em uma das mãos.
Não tinha. Será que tem namorada?
Joana, você não vai perguntar.
Será que ele é gay?
Lógico que isso não é pergunta para se fazer a um médico.
Por que ainda estou com essa cara de besta?
Como ele é alto, magro. Meu número de homem.
Será que ele é recém formado, ele é novinho...
Olhava compenetrada para ele, como ele estava sentando...
- Joana Angélica Mariano Costa Lima de Melo Oliveira Botelho de Torres Leão. Ufa, que nome grande. Igual da Princesa Isabel.
Todo mundo brinca com meu nome, prefiro ser conhecia como Joana Angélica ou Joana Leão. Morro de vergonha quando dizem meu nome completo, nem cabe na identidade.
- É ... Ele é grande mesmo.
Um pequeno sorriso compartilhado entre nós.
- Joana, o seu encaminhamento para a limpeza de tártaro.
- Obrigada.
Li o encaminhamento. Queria saber o nome dele para me despedir. Dr. Lucas Jorge Miranda. Que nome lindo...
-Até mais.
Ele estende a mão e aperta a minha. O primeiro contato entre nos sem as luvas. Mas, uma agonia faz com que esse aperto dure menos do que o comum. Foi um aperto rápido e tímido. Sai rápido como uma adolescente que sair correndo depois do primeiro beijo de amor.
Suspiros apaixonados pelo meu dentista Deus Grego.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um pouco de LUZ

- Oi
- Oi
- Estas bem?
- Sim, e você?
- Também
- A família?
- Está bem.
- O seu filho?
- Grande, tem 10 anos.
- Que fofo.
- Sua mãe?
- Anda cansada, mas, é a idade.
- Ainda trabalha?
- Aposentada, passa o dia vendo televisão.
- E você?
- Eu, o que?
- Passa o dia fazendo o que?
- Trabalhando.
- Só?
- Sim, tem dias que saio e tomo um café com os amigos.
- Somente amigos?
- Sim, amigos. Porque?
- Nada.
- Nada?
- E o marido?
- Não me casei.
- Porque?
- Não quis.
- E não queres ter filhos?
- Não.
- Não?
- Isso mesmo.
- Mas, que revolta é essa?
- Não tenho vontade de casar e nem de ter filhos.
- Decepção?
- Também.
- Também?
- Desilusão.
- De quem?
- De todos.
- Todos? Eu?
- Também...
- Mas, porque eu...?
- Chega de perguntas.
- Irritou-se?
- Já pedi. Quero que pares.
- Tudo bem.
- Pronto.

Ele é o Bom

Fazem anos que não nos vemos.
Anos mesmo.
Nossas vidas mudaram.
Amadurecemos.
Nós tornamos adultos.
Lembro daqueles anos
Éramos jovens
A vida parecia ser fácil.
Tudo muito fácil.
Lembro a primeira vez.
Tínhamos 15 anos.
Tudo aos 15 anos fica mais leve e suave.
Naqueles anos era assim.
Beijo era do desejo que tínhamos
E que as novelas nos ensinávamos.
Se apaixonar era fácil.
Um sorriso era suficiente.
Um elogio
Uma gentileza.
Tudo muito simples.
Coração jovem é assim.
Tudo simples para fazer o sangue ferver.
O peito ficar apertado e as mãos geladas.
Hoje, te vejo.
Depois de anos.
Nossas vidas mudaram de caminho.
Não somos mais aqueles jovens de 15 anos.
Somos homens, mulheres, chefes de família
Pais, mães, donos de casa, trabalhadores...
Muitos.
Adultos.
Aperto-lhe a mão.
Ofereço um café.
- A quanto tempo...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Gostar de você não foi uma opção.
Está sendo uma necessidade.
Uma vontade de dizer que sou capaz.
Nunca deixei meus sentimentos invadirem meu peito
E ditarem o que ele quisessem.
Eu os controlava.
Media cautelosamente cada cm
Me sentido dono de meu corpo por completo.
O tempo passava e sentia minha alma ficar fria.
Como se estivesse num profundo inverno.
Nenhum beijo ou abraço de outros eram suficientes
Para saciar ou fazer que estivesse me sentindo completo.
Nada e ninguém conseguia preencher um vazio que eu.
Eu mesmo
Queria manter.
Para não perder o controle.
Controle de minha vida.
Dessa vida que estudo e trabalho sempre foram
E ainda são dois pilares importantes
E quase irremediáveis.
Pois, bem.
Você apareceu.
Devagar...rasteira.
Como uma sombra que invade o lago
E só a percebemos quando não se reflete nosso rosto na água.
Seus olhos me enfeitiçaram.
De uma forma que não tenho palavras que descrevam
Ficar sem movimentos, ação, força.
Tudo isso.
Senti você perto de mim e isso me fez bem
Me senti protegido.
Queria mais
Você cada vez mais perto.
Pare que você não compreende minha necessidade.
De está perto de você.
De querer você.
Você foi.
Corri, te dei um beijo de adeus.
Adeus.
Você foi...
Sumiu na escuridão da noite.
E um vazio fez parte de mim.
Sua ausência me consome.
Quero ouvir sua voz
Sentir seu cheiro.
Saber o gosto que tem seu corpo perfumado de flor.
Mas, só o silêncio existe.
E minha solidão nessa noite.

Ali

Não são as grandes coisas que movem o mundo.
São as pequenas.
Devagarzinho, vai se construindo e tudo mudando.
Se todos tivessem noção disso, talvez
Muitas brigas não aconteceriam
Muitas intrigas não se concretizavam
Muitas separações não aconteciam.
Tudo isso foi o BOOM das pequenas coisas acumuladas.
O respeito não se perde de uma hora para outra.
Ele é perdido no dia a dia.
Com pequenas coisas do cotidiano.
Mentiras sem explicação.
Não reconhecimento dos erros.
Falta de entendimento sobre a individualidade de cada ser.
O amor não se perde de uma hora para outra.
Ele é perdido no dia a dia.
Com pequenas coisas do cotidiano.
Pela falta de carinho.
Pela falta de um elogio.
Não compartilhando mais da vida do outro.
E isso acontece com tudo.
Tudo mesmo.
Nada acontece de uma hora para outra
Tudo é construído.
Erguido pelas próprias pessoas que reclamam.
Que a mudança aconteceu.
E se questionando por que isso?
Por que você quis.
Você que fez.
Só você.
Você.

A luz no fim da escuridão

A solidão me devora os dias.
Não consigo está perto de outras pessoas.
Sendo eu mesmo
As vezes penso que sou estranho
Confuso.
Adoro pessoas...
Mas, a ausência dela me faz ficar cada vez mais quieto
Mas, triste.
E essa tristeza me aprisiona.
Não permitindo que eu seja.
Que eu aja
Que eu viva.
Que situação estranha.
Fico preso no meu mundo compartilhando com meus pensamentos momentos de estrema ausência.
De algo que sei que é fundamental para mim.
Mas, que não consigo correr atrás....

Porta, portão...

Dor de amar
É a maior dor do mundo
Quando mãe perde um filho
Pela mão de outro.
Sente
Chora
Dor de amor
Quando o menino diz
Que não quer mais a menina
Ela sente
Chora.
Dor de amor
Quando amigo querido
Parte para bem longe
A gente sente
Chora
Dor de amor
A maior dor do mundo
Não se cura com remédio
Nem com charope
O medo não resolve
Dor de amor
O tempo passa
Os dias mudam
A dor de amor fica
Pequena, mas, fica.
Dentro, bem fundo
Porque dor de amor
É a maior dor do mundo

Tinha uma pedra...

Ele gosta de filmes.
Fica preso na televisão quando passa seus preferidos.
Sempre foi muito pobre.
Nunca teve um aparelho passar filmes.
E nunca teve um filme que pudesse ver várias vezes.
Mas, ele adora filmes.
Ficava feliz quando era convidado para ver na casa de alguém.
Adora ver as novidades.
Sempre foi muito pobre.
Ir ao cinema foi apenas duas ou três vezes.
Quando um amiguinho da escola pagava.
Ou sua mãe fazia economizava.
E alegre ficava ao ver o sorriso de seu filho.
Quando voltava do cinema. Feliz.
E ela escutava,
Ele dizer repetidas vezes sobre as aventuras.
Magias, emoções, personagens que no filme tinha.
Sempre foi muito pobre.
Mas, seu coração rico de histórias.
Que ele escutava, via e criava.
Hoje. Ele não é mais tão pobre.
Tem já o aparelho que passa filmes.
Tem já uma coleção dos seus filmes preferidos.
E faz filmes para que outras pessoas
Possam se emocionar, igual a ele.