sábado, 17 de janeiro de 2009

Por que será que te amo tanto?



PAULO
Oi!

(Lili ignora)

PAULO
Oi! Oi!

(Lili continua ignorando)

PAULO
Ei! Fala comigo!

(Lili vira o rosto)

PAULO (triste e desanimado)
Você não quer conversar comigo.

LILI
Não é isso.

PAULO
É sim. Você não quer mais saber de mim!

LILI
Estou com dor de cabeça.

PAULO
Você não me ama mais.

LILI (olhando para ele, se sentido culpada)
Claro que não.

PAULO
É sim. Você não me ama mais.

LILI
Deixe de besteira.

PAULO
Serio. O seu amor, por mim, acabou.

(Lili olha para ele, sorrir e lhe dá um beijo)

LILI
Eu te amo.

PAULO
Verdade?

LILI (com um sorriso no rosto)
Sim. Eu te amo. Muito.

PAULO (feliz)
Eu também te amo

(Eles se abraçam)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sinal



MARIO
Como é ela?
BRENO
Linda! Simplesmente, linda!
MARIO
Somente, linda? Como?
BRENO
Era uma mulher. De corpo, de andar....Mas, seu rosto tem um ar de menina sapeca.
MARIO
Sim, o que mais?
BRENO
Ela possui um olhar fascinante. Que desconcentra qualquer um.
MARIO
Como assim?
BRENO
Bom, quando ela nos olha, parece ler nossos pensamentos.
MARIO
Sim...
BRENO
Seus olhos possuem uma variação de cores incríveis, indefiníveis.
MARIO
Você só prestou atenção nos olhos?
BRENO
Claro que não. Os cabelos dela parecem que dançam com o vento.
MARIO (irônico)
Perfeita definição.
BRENO
Sério, Mario. Quando o vento bate, os cabelos dela voam e fazem um movimento que a deixa ainda mais bela.
MARIO
E tem mais?
BRENO
Ah...ela vestia um vestido lindo. Que lhe deixava feminina e moleca.
MARIO
Caro amigo Breno, como você se apaixona assim?
BRENO
Sabe que não sei.
MARIO
Você, voltando do almoço, atravessa um sinal e se depara com esse esplendor da natureza e deixa passar?
BRENO
Foi muito rápido, 60 segundos.
MARIO
Ia atrás. Ora.
BRENO
Não consegui. Fiquei encantado de uma forma que não me mexi.
MARIO
Besta.
BRENO
Olha, não me lembro de ter visto uma beleza assim. Ela é bela. Mas, não segue os padrões. Ela é bela pelos detalhes.
MARIO
Certo, Breno. E agora?
BRENO
Tenho que vê-la novamente. Vou passar pelo mesmo sinal, na mesma hora. E vou encontrá-la.
MARIO
Maluco.

Sentido das quatro estações



Quero o gosto salgado das tardes de outono
que me fazem ver a vida mais devagar,
quase que em câmera lenta.
Já no inverno quero sentir o cheiro das gotas de chuva

que caem na janela,
no instante em que penso ser a única habitante do planeta.
Quero ouvir o desabrochar das flores

que fazem de minha primavera uma janela mais alegre.
Quero por fim, ver o colorido de dias quentes de calor

e fazer de cada dia um novo verão em minha vida.


sábado, 10 de janeiro de 2009

Desejos


"Quero desenhar o sol
Num pagina deserta
Quero colorir as horas do cotidiano
Quero me perder em novas descobertas
Quero viver a vida cheia de encantos
Quero conseguir o impossível!
Quero um sapato colorido,
Para caminhar nas ruas cinzas."

(2006)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Anônimo do lápis.



Estou lendo um livro. Nessa manhã, depois de alguns dias sem tocá-lo resolvi, finalmente terminar de lê-lo. Já estava no capitulo 5° quando me deparei com um texto escrito à mão e de lápis. De início, achei um absurdo. É um livro de uma biblioteca publica, deve ser respeitado e bem cuidado pelos que usam de seu conhecimento.
Bom, depois, me deu a curiosidade de ler o que se tinha naquelas linhas. Tentar ver o que a pessoa que leu aquele livro antes de mim queria passar, ou compartilhar. Notei uma sensibilidade extrema, e via que a pessoa que escreveu descrevia muitos de meus pensamentos, de minhas idéias, de minhas angustias. Bom, continuo não achando correto escrever em um livro publico, mesmo que esse “anônimo do lápis” pretendia fazer e dizer alguma coisa sobre sua vida. Bom, compartilho agora o que estava escrito no livro por esse colega leitor anônimo.

“Tentei desenhar o que sou, o que faço, a multiplicidade das coisas. Tentar ser forte, tentar ser frágil ao mesmo tempo. És a dureza da vida:saber que elas são exatamente uma só para toda eternidade. Tenho que aprender a ver meus sentimentos. E também o que os outros sentem. Mas, algumas vezes na vida já me havia perguntado: por que todos os sonhos são azuis? Hoje tive um sentimento que não consegui decifrar. Tentei desenha-lo ou escreve-lo, mas a vontade de fugir de mim é maior do que qualquer outra coisa. Tentei parar o tempo, as pedras por cima das águas, a uma velocidade que não agüentam a força de meus sentimentos. Segui uma historia que sei que já vivi, mas, é inútil acreditar que toda beleza do universo pode ser paralisada por alguns momentos.”

domingo, 4 de janeiro de 2009

Núvens doces.



MENINA
Quero uma nuvem!


ADULTO
Você não pode ter uma nuvem.


MENINA
Por que?


ADULTO
Porque as nuvens pertencem ao céu.


MENINA
Então, vou perdir para o céu uma nuvem.


ADULTO
Minha linda, o cé não lhe pode dá um nuvem.


MENINA (com cara de choro)
Como o céu é mau! Tem tantas nuvéns, e não pode me dá uma só.


ADULTO (pensativo)
Tudo bem. vou lhe trazer uma nuvem.



(sai e a menina fica ansiosa esperando, olha para cima, olha para os lados.Até que o Adulto volta e trás consigo um pacote de algodão doce azul.)



Pronto. Aqui está sua nuvem.


MENINA
Você pensa que sou boba? Isso ai, é um algodão doce!


ADULTO
Não, é uma nuvem. E ainda comestivel.


MENINA
Sei.


ADULTO
Sério!Basta você acreditar. Que tudo pode ser do jeito que a gente quer.


MENINA (pensativa)
Tudo bem...Passa minha nuvem para cá.


ADULTO
Toma!


MENINA (abrindo o pacote e tirando um pedaço)
Como é gostosa minha nuvem.

(sai)


ADULTO
Quando se acredita, até um algodão doce pode se tornar uma nuvem.

Um livro no Divã


LIVRO
Então é isso.
LEITOR
Tem certeza?
LIVRO
Já te contei tudo.
LEITOR
Na verdade, você me contou a sua parte.
LIVRO
Eu te disse o que realmente aconteceu.
LEITOR
No seu ponto de vista.
LIVRO
Quer dizer, que estou mentindo?
LEITOR
Mentindo? Mentindo, não.
LIVRO
Então?
LEITOR
Bom, é que o acontecido não está somente em sua fala.
LIVRO
Está aonde então?
LEITOR
No acontecido.
LIVRO
Como posso então, contar todo o acontecido?
LEITOR
Isso não se pode.
LIVRO
Por que?
LEITOR
Por que o que ocorreu,já passou. Não existe mais.
LIVRO
Assim, não se pode falar sobre o passado?
LEITOR
Poder, pode sim! Só não será exatamente como aconteceu.
LIVRO
Então, eu sou inutil!
LEITOR
Não diga isso, meu caro livro! Você é muito util sim.
LIVRO
Não sou. Não digo a verdade.
LEITOR
Você diz a sua verdade. Como um outro livro dirá a vossa verdade.
LIVRO
Então, cada um é dono da verdade?
LEITOR
Exatamente.
LIVRO
Então, em uma biblioteca inteira, a verdade estará completa!
LEITOR
Meu caro Livro, nem somando todas as bibliotecas do mundo todo poderiamos afirmar isso.
LIVRO
Se for assim, a verdade não existe.
LEITOR
Existe sim, mais não da maneira que pensas. Ela está partida em varios pedacinhos. Como um copo de cristal, que quebra. Mesmo tentando juntar vários dos cacos, nunca conseguiremos juntar todos.A mesma coisa acontece com as histórias. Mesmo juntamos todos os seu pedacinho, jamais poderemos revive-las.Mas, com as narrativas que os livros trazem, podemos saber um pouquinho de cada uma, e podemos compartilhar de alguns sentimentos que não vivemos. Por isso, meu caro amigo livro, você é tão importante.