sábado, 28 de novembro de 2009

Uma linda mulher

Todas as noites ela se encontra no mesmo lugar.
Parada. Com um olhar atento vendo os movimentos dos carros.
Seu único companheiro nesse momento de espera é um poste cuja luz é bem fraca. Mesmo assim, pode-se ver a sua silueta e notar o brilho de sua pele morena.
Possui formas arredondadas, pernas torneadas e braços grandes e fortes.
Sempre arrumada. Com um vestido florido e seus logos cabelos negros soltos. Eles balançam quando os ônibus passam por ela.
Não sei realmente quanto tempo ela espera. Só a vejo esperando. Mas, acredito que em algum momento chegará alguém e irá tirá-la dessa solidão

A FOLHA

CORAÇÃO
Ai, Ai , Ai
CEREBRO
O que houve Coração?
CORAÇÂO
Está doendo...
CEREBRO
Doendo? Onde? O que?
CORAÇÂO
Aqui dentro
CEREBRO
Já conversei com você sobre isso
CORAÇÃO
Eu sei... Mas, não consegui evitar.
CEREBRO
Então, esquece!
CORAÇÂO
Estou tentando!Mas, não consigo.
CERBRO
Pensa comigo Coraçãozinho... ”A dor é inevitável, o sofrimento opcional”. Então, deixe disso!
CORAÇÃO (Tenta arrancar algo de dentro dele, mas não consegue)
Não dá, não consigo!
CEREBRO
Eita, Coração Burro da porra!
CORAÇÃO
Burro não seu Cérebro! Sentimental.
Foi só um golinho. Um golinho moço.
Nada de mais. Nem faz mal a saúde.
Até faz bem....eu vi na TV.
Tudo bem. O golinho cresceu. Foram dois. Pronto.
Tudo bem... está certo. Foi a garrafa toda. Falei tudo.
Falei. Não foi culpa minha. Não ,não.
Era para ser uma brincadeira. Brincadeirinha.
Não era para machucar. Eu juro.
Foi tão rápido.
Estávamos sentados na telha. Encima do prédio.
Escondidos. Eu e o bruno.
Sempre fazíamos isso.
Ele comprava a bebida e a gente passava a noite toda se divertindo.
Mas, nessa noite, foi diferente.
Ele trouxe uma bebida mais forte.
E me disse que ia ser só um golinho.
A bebida acabou tão rápido.
Tudo estava duplicado.
Riamos muito.
Até que o Bruno disse:
- Olha Sonia, eu sei voar.
Depois disso, Bruno não falou mais.
O medico contou que esse foi o ultimo vôo dele.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sinto que as palavras desapareceram de minha mente...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


“Teu sorriso invadiu meu olhar num dia de chuva e surgiu um grande arco-íris no céu.”
“Sou feliz, por que mesmo que de longe, consigo sentir suas mãos quentes aquecer meu coração gelado.”

O dia em que a luz se apagou.
Tudo que antes brilhava se tornou treva.
E junto com o vento forte ecoou o grito da dor.

domingo, 30 de agosto de 2009

O ESPERADO

Noite. Depois de um dia cansativo de trabalho e estudo todos se encontram naquele lugar. Nada confortável. Olham ansiosamente os relógios, minuto a minuto. A espera aumenta o cansaço. As pernas já não estão tão corajosas como se diziam no amanhecer. Todos se olham. Pensam a mesma coisa. Uma grande espera os consome. De longe, aparece que vem o resultado da tão longa espera. As pessoas ficam agitadas. As poucas sentadas ficam em pé. Lá vem ele. Porém, um sinal adia sua chegada por mais uns instantes. Tempo suficiente para um bocejo, uma arrumada no cabelo, ou até um palavrão das pessoas mais impacientes. O sinal abre. Todos esperavam por ele. E lutam para conseguir ser o primeiro a ter o gosto da vitória: subir e pegar um lugar na janela.
Depois de alguns minutos, o esperado vai embora levando consigo todos (ou quase) que lhe estavam esperando.

BILHETE DE UM SOLITÁRIO

Através de minha janela, vejo o mundo que segue lá fora. Mundo este que vivo e que vivi. Dela observo. Vejo os amores, as casas. Cada pessoal impressionante. Cada cheiro, cada gosto, cada sensação. Tudo tão sublime que me enche de felicidade, mesmo que momentâneas. A minha felicidade está no ato de observar. E de esperar, ansiosamente, as horas se passarem pela minha janela

DESCONFIANÇA

ELE
Venha!
ELA
Não quero...
ELE
Venha logo!
ELA
Não...
ELE
Já disse, venha!
ELA
...
ELE
Vem...não vai me responder nada?
ELA
...
ELE
Pelo menos, me fale alguma coisa!
ELA
Não adianta.
ELE
Por que?
ELA
Você não me escutaria.

domingo, 28 de junho de 2009

O Problema é de quem?

MULHER
Ei, moço... me dá uma ajuda?
HOMEM
Tenho não
MULHER
Só um trocadinho moço...
HOMEM
Já disse que não tenho dinheiro!
MULHER
Então, me dá uma de tuas sacolas?
HOMEM (irritado)
Minha Senhora, não tenho trocado para lhe dá e essas compras são para minha família.
MULHER
E meus filhos vão comer o que?
HOMEM
Esse problema não é meu.
MULHER
E de quem é ?
HOMEM
Sei lá! Do Prefeito, do Governador até do Presidente. Só que não é meu.
MULHER
Eles só sabem que existo em época de eleição.
HOMEM
Então, reclame com eles... Ah! Ainda bem, meu ônibus...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

***KATASTROFE***

(O Humano, o Tempo e o Relógio estão parados. O Humano entra no grande circulo. E desenha os números 12, 3, 6 e 9 cada um numa extremidade do circulo, enquanto, o Tempo dá voltas com o Relógio amarrado no pescoço por uma corda. O humano termina os desenhos dos números e fica no centro de cena e dorme. Nesse instante o Relógio tira a corda de seu pescoço coloca no Tempo o impura para dentro da grande roda.)

RELÓGIO
Tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac… (Olhando para o Tempo) 6 Horas!
TEMPO (indo na direção do humano)
Acorda!
HUMANO
Que sonho estranho!

(O humano fica de pé. Parado)

RELÓGIO
Tic,tac,tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic,tac,tic,tac, tic, tac… (Olhando para o Tempo) 9 Horas!
TEMPO (indo na direção do Humano)
Trabalha!

(O Humano começa a fazer alguns movimentos que lembrem trabalho como digitar no computador, martelar, cerrar...)

RELÓGIO
Tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac… (Olhando para o Tempo) Meio dia!
TEMPO (indo na direção do humano)
Almoça!

(O Humano começa a comer.)

RELÓGIO
Tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac… (Olhando para o Tempo) 15 horas!

TEMPO (indo na direção do humano)
Iluda-se

(O Humano senta pega o controle remoto da televisão e dá um leve sorriso.)

RELÓGIO
Tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac… (Olhando para o Tempo) 18 horas!

TEMPO (indo na direção do humano)
Jante!

(O humano senta e começa a comer.)


RELÓGIO
Tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac… (Olhando para o Tempo) 21 horas!


TEMPO (indo na direção do humano)
Durma!

(O Humano se deita e dorme. Ao seu lado o tempo adormece.)


RELÓGIO
Tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac, tic, tac… (Olhando para o Tempo) Meia noite! (o tempo permanece dormindo) (gritando) Meia Noite!

TEMPO (indeciso, passa um tempo pensativo)
(indo na direção do humano)
Sonhe, Sonhe, Sonhe...

(O Tempo se agacha, o Relógio permanece de pé só com os braços abertos e o Humano começa a se debater no chão até que abre os olhos e fica imóvel.)

domingo, 17 de maio de 2009

Janela


CLI
Para onde olhas?
CLA
Para a janela.
CLI
O que queres ver?
CLA
Ainda não sei
CLI
E por que ainda olhas?
CLA
Por que sei que irá aparecer.
CLI
Aquilo que tu não sabes?
CLA
Sim.
CLI
Será que vai demorar?
CLA
Não sei.
CLI
Então, vais esperar mesmo assim?
CLA
Sim.

Pausa.

CLI
Apareceu?
CLA
Não.
CLI
Você não está cansada?
CLA
Sim, muito
CLI
E por que não desiste e sai dessa janela?
CLA
Mesmo que demore. Um dia vai aparecer.
CLI
Um dia, um dia...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Retrato de Família


Bela Paisagem. Pessoas. Sorrisos.
Felicidade emanada em cada olhar,
em cada gesto.
Seres tão humanos, e por isso, tão divinos.
Seres que me ajudaram a voar!
Sonhar....

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Você

Escutei uma música no rádio hoje...
Lembrei de você!
Mas, lembrar de você já é algo comum no meu cotidiano.
Sinto você presente em cada pessoa que vejo, em cada livro que leio...
Sinto você, morador constante de meus pensamentos...
Isso provoca em mim um sentimento de conforto e angústia...
Ambos relacionados aos momentos que sua imagem invade meu horizonte mental...
Quero que estejas perto de mim...
Sempre...
Luto diariamente para ter pequenos momentos com você...
Para escutar seu sorriso, ouvir o seu cheiro, sentir o seu gosto.
Onde você está agora?
Além de aqui...dentro de mim...

sábado, 28 de março de 2009

Para sempre...


Tudo escuro/ Luz ambiente aparece gradativamente/Música alegre
Um homem e uma mulher estão em cena. Dançam. Ela pula nos braços dele. Ele a roda no ar. Coloca-a no chão. Abraçam-se demoradamente. Beijam-se. Sorriem um para o outro. Beijam-se novamente. Olham-se e se abraçam.
Luz desaparece gradativamente.
Pausa
Luz vermelha/ batidas de tambor.
A mulher está num plano mais alto e o homem num plano mais baixo. Existe uma corda que os liga. Se o homem sair de sua posição, ele mata a mulher e vice-versa.

RICARDO
Olha!
JULIA
O que?
RICARDO
A corda.
JULIA
E agora?
RICARDO
Pula!
JULIA
Não posso. Tenho medo!
RICARDO
Vai! Eu estou aqui.
JULIA
Você vai morrer.
RICARDO
Se não for eu, vai ser você.Pula!
JULIA
Não Consigo!
RICARDO
Julia meu amor. Um de nos que terá que tomar essa decisão.
JULIA
Porque eu tenho que matar?
RICARDO
Não. Eu que resolvi morrer.
JULIA
Eu quero que você viva!Comigo. Sempre!
RICARDO
Sim. Mais não podemos. Você vive. Eu morro. Faça logo!
JULIA
Não! Tem que haver outro jeito.
RICARDO
Minha vida. Não há outro jeito. Será eu ou será você.
JULIA
Não quero que você morra!
RICARDO
Eu quero que você viva!
JULIA
Pois bem. Nem eu, e nem você.
RICARDO
Continuaremos assim.
JULIA
Aqui.
RICARDO
Para sempre.
JULIA
Juntos.
RICARDO
Agora!

A luz apaga/
Pausa
A luz ascende gradativamente/ mùsica triste
Ricardo e Julia estão no chão mortos.

Sorria!!!!! Você está sendo filmado!!!



Sorria, você está sendo filmado. Em todo lugar que vou encontro essa plaquinha. Nela tem um boneco amarelo e redondo com um sorriso ridículo dizendo: “sorria, você está sendo filmado”!
Procuro a bendita câmera, e nada. Olho de um lado para o outro, e nada!
Até que uma garotinha que estava bem ao meu lado diz:”Mãe! Eu to na televisão!”
Realmente, existe uma televisão. Mais não passa nenhum programa “Típico” de televisão. Sua tela é dividas em partes que lembram um tabuleiro de dama, ou um jogo da velha. Nessas partes aparecem vários cantos do estabelecimento onde estamos. Noto a parte que aparece a garotinha, que desde que descobriu essa “novidade” não para de dá chauzinho para os lados.
Em todos os lugares, independente da função ou serviço que preste existe aquela placa com o sorriso amarelo dizendo: “Sorria, você está sendo filmado”. Está sendo filmado, se tornou algo comum na nossa sociedade contemporânea. Nas lojas, supermercados, farmácias, ruas, praças, elevadores, prédios, corredores... Em todo lugar existe alguma câmera captando a nossa imagem.
“Sorria, você está sendo filmado!”

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Escrever....


Não escrevo para os outros.
Escrevo para mim!
Escrevo pelos mais diversos motivos que abrangem da diversão à necessidade.
Escrevo para me distrair. Contar situações.
Mas, escrevo também para falar de meus sentimentos mais profundos, inconscientes. Que gritam desesperadamente para sair.
Na maioria das vezes escrevo por causa disso.
Não vou atrás das frases, histórias. Elas que vem até mim. E fazem minha mente transborda de desejos e sensações. Desta forma, quando as escrevo se tornam linhas, textos....Pensamentos concretizados em signos lingüísticos.
Se alguém ler o que escrevo?
Poder ler, pode. Mais não faço com esse objetivo (mesmo minha vaidade dizendo o contrário).
Também acho que é por isso que escrevo. As falas, geralmente, querem ser escutadas, mesmo quando são ditas baixinho.Bom, acredito que escrevo para falar do EU. Sujeito mulher. Indefinido. Pessoa andante. Pensante. Ser que se diz Humano

Momentos de um passado recente...


Essa coisa que meche com o juízo da gente, que dão o nome de amor, de bem querer; sentir esse troço da uma agonia danada. Que faz o coração da pulos e pulos; tanto pulo desarrumado que quase sai de dentro do peito. Esse troço faz o juízo da gente ficar desajuizado, faz a boca calar com vontade de falar.
A gente pensa um monte de coisas, pensa em céu, em mar, em nuvem, em flor, em estrela, em tudo de mais bonito que se pode ter nesse mundo, mas, nenhuma, nenhumazinha palavra sai de nossa boca quando bem amor chega perto da gente.
Ô bicho danado e tinhoso esse tal de amor que ninguém consegui domar; faz a gente ficar avexado, num pensa mas coisa com coisa, só pensa em uma coisa, que parece que se tornou a única coisa que faz a gente viver, respirar; a gente só pensa em quem a gente ama; pois o amor, não tem dicionário, teoria e romance que diga e que explique essa forma de sentir, num tem ninguém que saiba mais, do que a própria pessoa que ama...


Poeta das coisas simples...


Não Sou poeta de escrever versos com rimas
Na verdade, nunca consegui fazer essa façanha,
Se um dia eu conseguir, vou deixar de ser poetas de coisas simples e me tornar especialista dos pensamentos complexos.

Pensamentos de um dia de chuva....


O mal de todo intelectual é esquecer que o objeto de estudo dele é algo vivo, e que num está preso a um pedaço de papel.

***

Não quero ser um pensador de um mundo que esqueceu de pensar para ver televisão.


***

Quando o amor chegar num esquece de avisar que estou em casa.

***

A felicidade é uma senhora cega, ela existe só basta saber como ajudá-la a atravessar a rua.





domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fui...


Enigmas,ideias, teorias...
De um passado tão presente que se faz chato, irritante...
Depois, se vai, e o tedio sem sentido aparece para uma conversa.
Entre suas falas mudas, existe algo que não compreendo...
Quando mais se espera, mais tempo se tem...
E quando esse está no fim, perguntamos por que esperamos tanto...
Sei lá, vou dá uma volta.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Por onde andará minha criatividade?


ELE
O que procuras?
ELA
Minha criatividade
ELE
Já procurou em todos os lugares?
ELA
Sim. Já mexi em todas as gavetas e dentro dos livros. E nada.
ELE
Já procurou na geladeira?
ELA
Nunca deixei por lá.
ELE
Quem sabe. Por descuido isso pode ter acontecido.
ELA
Tudo bem. Vou dá uma olhada.
(abre a geladeira, olha dentro e desanimada fecha)
ELE
E ai, achou?
ELA
Não... Já faz dias que procuro. Minha criatividade desapareceu.
ELE
Já pedisse a São Longuinho?
ELA
Ainda não.
ELE
Pede.
ELA
Pode dá certo. São Longuinho, São Longuinho, onde está minha criatividade? Dou três pulinhos se achar!
ELE
Pronto. Agora você acha!
ELA
Espero.

(passa-se um tempo)

ELE
São Longuinho ajudou?
ELA
Até agora nada. Ele deve está de férias ou está fora de atendimento.
ELE
Bom...Qual foi a ultima vez que você viu sua criatividade?
ELA
Bem, ela estava ao meu lado.
ELE
Já procurou em todos os lugares?
ELA
Sim, já.
ELE
Até dentro de você?
ELA
Eita, dentro de mim! Ainda não.
ELE
Quem sabe, ela está dentro de você? As vezes o que procuramos está mais perto de nos que possamos imaginar.
ELA
Certo. Vou procurar.
ELE
Quando achar, me avisa!
ELA
Pode deixar.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Por que será que te amo tanto?



PAULO
Oi!

(Lili ignora)

PAULO
Oi! Oi!

(Lili continua ignorando)

PAULO
Ei! Fala comigo!

(Lili vira o rosto)

PAULO (triste e desanimado)
Você não quer conversar comigo.

LILI
Não é isso.

PAULO
É sim. Você não quer mais saber de mim!

LILI
Estou com dor de cabeça.

PAULO
Você não me ama mais.

LILI (olhando para ele, se sentido culpada)
Claro que não.

PAULO
É sim. Você não me ama mais.

LILI
Deixe de besteira.

PAULO
Serio. O seu amor, por mim, acabou.

(Lili olha para ele, sorrir e lhe dá um beijo)

LILI
Eu te amo.

PAULO
Verdade?

LILI (com um sorriso no rosto)
Sim. Eu te amo. Muito.

PAULO (feliz)
Eu também te amo

(Eles se abraçam)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sinal



MARIO
Como é ela?
BRENO
Linda! Simplesmente, linda!
MARIO
Somente, linda? Como?
BRENO
Era uma mulher. De corpo, de andar....Mas, seu rosto tem um ar de menina sapeca.
MARIO
Sim, o que mais?
BRENO
Ela possui um olhar fascinante. Que desconcentra qualquer um.
MARIO
Como assim?
BRENO
Bom, quando ela nos olha, parece ler nossos pensamentos.
MARIO
Sim...
BRENO
Seus olhos possuem uma variação de cores incríveis, indefiníveis.
MARIO
Você só prestou atenção nos olhos?
BRENO
Claro que não. Os cabelos dela parecem que dançam com o vento.
MARIO (irônico)
Perfeita definição.
BRENO
Sério, Mario. Quando o vento bate, os cabelos dela voam e fazem um movimento que a deixa ainda mais bela.
MARIO
E tem mais?
BRENO
Ah...ela vestia um vestido lindo. Que lhe deixava feminina e moleca.
MARIO
Caro amigo Breno, como você se apaixona assim?
BRENO
Sabe que não sei.
MARIO
Você, voltando do almoço, atravessa um sinal e se depara com esse esplendor da natureza e deixa passar?
BRENO
Foi muito rápido, 60 segundos.
MARIO
Ia atrás. Ora.
BRENO
Não consegui. Fiquei encantado de uma forma que não me mexi.
MARIO
Besta.
BRENO
Olha, não me lembro de ter visto uma beleza assim. Ela é bela. Mas, não segue os padrões. Ela é bela pelos detalhes.
MARIO
Certo, Breno. E agora?
BRENO
Tenho que vê-la novamente. Vou passar pelo mesmo sinal, na mesma hora. E vou encontrá-la.
MARIO
Maluco.

Sentido das quatro estações



Quero o gosto salgado das tardes de outono
que me fazem ver a vida mais devagar,
quase que em câmera lenta.
Já no inverno quero sentir o cheiro das gotas de chuva

que caem na janela,
no instante em que penso ser a única habitante do planeta.
Quero ouvir o desabrochar das flores

que fazem de minha primavera uma janela mais alegre.
Quero por fim, ver o colorido de dias quentes de calor

e fazer de cada dia um novo verão em minha vida.


sábado, 10 de janeiro de 2009

Desejos


"Quero desenhar o sol
Num pagina deserta
Quero colorir as horas do cotidiano
Quero me perder em novas descobertas
Quero viver a vida cheia de encantos
Quero conseguir o impossível!
Quero um sapato colorido,
Para caminhar nas ruas cinzas."

(2006)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Anônimo do lápis.



Estou lendo um livro. Nessa manhã, depois de alguns dias sem tocá-lo resolvi, finalmente terminar de lê-lo. Já estava no capitulo 5° quando me deparei com um texto escrito à mão e de lápis. De início, achei um absurdo. É um livro de uma biblioteca publica, deve ser respeitado e bem cuidado pelos que usam de seu conhecimento.
Bom, depois, me deu a curiosidade de ler o que se tinha naquelas linhas. Tentar ver o que a pessoa que leu aquele livro antes de mim queria passar, ou compartilhar. Notei uma sensibilidade extrema, e via que a pessoa que escreveu descrevia muitos de meus pensamentos, de minhas idéias, de minhas angustias. Bom, continuo não achando correto escrever em um livro publico, mesmo que esse “anônimo do lápis” pretendia fazer e dizer alguma coisa sobre sua vida. Bom, compartilho agora o que estava escrito no livro por esse colega leitor anônimo.

“Tentei desenhar o que sou, o que faço, a multiplicidade das coisas. Tentar ser forte, tentar ser frágil ao mesmo tempo. És a dureza da vida:saber que elas são exatamente uma só para toda eternidade. Tenho que aprender a ver meus sentimentos. E também o que os outros sentem. Mas, algumas vezes na vida já me havia perguntado: por que todos os sonhos são azuis? Hoje tive um sentimento que não consegui decifrar. Tentei desenha-lo ou escreve-lo, mas a vontade de fugir de mim é maior do que qualquer outra coisa. Tentei parar o tempo, as pedras por cima das águas, a uma velocidade que não agüentam a força de meus sentimentos. Segui uma historia que sei que já vivi, mas, é inútil acreditar que toda beleza do universo pode ser paralisada por alguns momentos.”

domingo, 4 de janeiro de 2009

Núvens doces.



MENINA
Quero uma nuvem!


ADULTO
Você não pode ter uma nuvem.


MENINA
Por que?


ADULTO
Porque as nuvens pertencem ao céu.


MENINA
Então, vou perdir para o céu uma nuvem.


ADULTO
Minha linda, o cé não lhe pode dá um nuvem.


MENINA (com cara de choro)
Como o céu é mau! Tem tantas nuvéns, e não pode me dá uma só.


ADULTO (pensativo)
Tudo bem. vou lhe trazer uma nuvem.



(sai e a menina fica ansiosa esperando, olha para cima, olha para os lados.Até que o Adulto volta e trás consigo um pacote de algodão doce azul.)



Pronto. Aqui está sua nuvem.


MENINA
Você pensa que sou boba? Isso ai, é um algodão doce!


ADULTO
Não, é uma nuvem. E ainda comestivel.


MENINA
Sei.


ADULTO
Sério!Basta você acreditar. Que tudo pode ser do jeito que a gente quer.


MENINA (pensativa)
Tudo bem...Passa minha nuvem para cá.


ADULTO
Toma!


MENINA (abrindo o pacote e tirando um pedaço)
Como é gostosa minha nuvem.

(sai)


ADULTO
Quando se acredita, até um algodão doce pode se tornar uma nuvem.

Um livro no Divã


LIVRO
Então é isso.
LEITOR
Tem certeza?
LIVRO
Já te contei tudo.
LEITOR
Na verdade, você me contou a sua parte.
LIVRO
Eu te disse o que realmente aconteceu.
LEITOR
No seu ponto de vista.
LIVRO
Quer dizer, que estou mentindo?
LEITOR
Mentindo? Mentindo, não.
LIVRO
Então?
LEITOR
Bom, é que o acontecido não está somente em sua fala.
LIVRO
Está aonde então?
LEITOR
No acontecido.
LIVRO
Como posso então, contar todo o acontecido?
LEITOR
Isso não se pode.
LIVRO
Por que?
LEITOR
Por que o que ocorreu,já passou. Não existe mais.
LIVRO
Assim, não se pode falar sobre o passado?
LEITOR
Poder, pode sim! Só não será exatamente como aconteceu.
LIVRO
Então, eu sou inutil!
LEITOR
Não diga isso, meu caro livro! Você é muito util sim.
LIVRO
Não sou. Não digo a verdade.
LEITOR
Você diz a sua verdade. Como um outro livro dirá a vossa verdade.
LIVRO
Então, cada um é dono da verdade?
LEITOR
Exatamente.
LIVRO
Então, em uma biblioteca inteira, a verdade estará completa!
LEITOR
Meu caro Livro, nem somando todas as bibliotecas do mundo todo poderiamos afirmar isso.
LIVRO
Se for assim, a verdade não existe.
LEITOR
Existe sim, mais não da maneira que pensas. Ela está partida em varios pedacinhos. Como um copo de cristal, que quebra. Mesmo tentando juntar vários dos cacos, nunca conseguiremos juntar todos.A mesma coisa acontece com as histórias. Mesmo juntamos todos os seu pedacinho, jamais poderemos revive-las.Mas, com as narrativas que os livros trazem, podemos saber um pouquinho de cada uma, e podemos compartilhar de alguns sentimentos que não vivemos. Por isso, meu caro amigo livro, você é tão importante.