quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um pouco de maldade.

Música da Alma.

O que Ilumina.

Cotidiano

Pois é minha filha.
Um rapaz tão bonito.
Primo da Martinha.
Suicidou-se
Foi ontem no casamento.
Isso que faz o amor minha filha.
Foi pro casamento.
Matou o amante, a mulher...
E ele.
Na festa, sim, minha filha.
Todo mundo viu.
Tiro...Sim a tiro.
Três de uma vez só.
Um no rapaz,
Um na moça
E um nele.
Pense na confusão, minha filha.
Um bafafá.
Três tiros...três!!
Lembra dele não?
Aquele moço bonito.
Que estava na festa da Suzana.
Sim, o primo da Martinha...
Esse mesmo.
Tu já viu uma coisa dessa?
Ele era tão bonito.
- Toma.
- Isso?
-Sim!
- Não...
- Sim.
-Não.
-Sim...
-Não!!
- Sim...
- Vai tirar.
-Não.
- Você vai tirar.
- É meu.
- Nosso.
-Só meu.
- Tira.
- Não vou.
- Aborta.
- Nunca.
- Aborta!!!!
- Nunca...
- Menino entra.
- Sim papai.
-Fique ai, sua vó vem pega-lo.
- Ela demora muito papai
- É rápido.
- Bem rapidão?
- Bem rapidão.
- Papai vai com a gente?
- Não...Não posso.
- Por que papai.
- Preciso trabalhar...Mas, amanhã estarei com você.
- Vai trabalhar pouco, né papai?
- Sim, bem pouquinho.
- Bem pouquinho, desse tamainho?
- Sim...desse tamanhiiiiinho.
Coração está mais apertado esses dias.
Dias que passam na correnteza do tempo
Devagar e em direção ao futuro
Este sempre esperado.
Com ansiedade, pois nele depositamos
Nossas esperanças de dias melhores.
De momentos de mais paz, amor e caridade.
Mas, desculpe caro leitor em decepcioná-lo.
O futuro não existe.
Ele nunca chegará.
Ele sempre estará no campo das idéias.
Desta forma, espero algo que nunca chegará.
Que existirá somente na minha imaginação.
SOZINHO
Estava ele.
Ninguém o notava.
O sol o queimava
O vento o varria de terra SECA.
Estava lá.
Pessoas passavam
Não se importavam.
Sozinho, no CALOR...
Na areia...
Só esperando o um dia
Que voltaria a fazer parte dela
Com seu corpo FINO...
E sua cabeça vermelha...
NINGUÉM se importava.
Nem expressão de pena recebia.
Estava só.
No meio de plantas...
Vasos.
Pobre. Jogado na RUA.
Não servia mais.
Não tinha mais valor.
Ninguém o olhava.
Estava só.
Aqui jaz um PIRULITO.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Dama

FEniminoMASculino

Jardim da Criação

O Recife que vejo...

- Posso sentar.
- Sim...
- Indo estudar?
- Sim...
- Moras por aqui
- Não, venho de outra cidade.
- Eu venho do interior.
- Onde?
- Pesqueira...
- Minha família é de Belo Jardim...Mas, tenho parentes em Pesqueira também.
-Lembro de minha juventude....
-Uhh
- Comecei a trabalhar com 10 anos.
- Danosse.
- Sim, meu pai era engraxate de uma pequena fabrica.
- Sim...
- Eu ia sempre com ele, mais o patrão dele não deixa que eu ficasse lá. Era proibido trabalho de criança.
- E como você fazia?
- Ficava escondido na rua... Quando o patrão do meu pai saia, corria e entrava na fabrica...
-Uhhh
- Tudo isso só para ajudar meu pai.
- Bonito de sua parte...
- Hoje a juventude tem tudo...e não dá valor.
- Reconheço bem...
(tempo)
- Estou indo para minha terra?
- Festa? Visitar a família?
- Não,Estou indo pro enterro do meu pai.
- Meus pêsames.
- Obrigado. Essa é ultima parada?
- Sim, é a antes do terminal.
- Vou indo, prazer em conhecer você.
- Também...

Rua

- Não gosto de pedintes!
- Por que senhor?
- O Estado dá dinheiro e eles ainda pedem.
- Sim, a ajuda de custo...
- Mocinha, esse menino ai, pedindo, devia tá na escola...
- Uhhh
- O governo dá dinheiro para que esse menino esteja na escola e não na rua pedindo dinheiro.
- Mas, é suficiente?
- Depende da casa, mas, deve ser mais de cem contos.
- É triste ver isso...
- Mais eles estão acostumados... Se acostuma a pedir...
- Seria um vicio?
- Isso... Têm muitos que já se viciaram em ser pedintes.
- Mas, como muda isso?
- Tenho que ir, meu ônibus...

Volta.

Dias em que minhas palavras preferiram ficar em silêncio.
Estavam aqui. Presas no peito.
Olhando para fora, mas com medo de sair.
Será que seria mais fácil que essas palavras fossem de outros.
Pelo menos assim, não olharia para o espelho
Que reflete minha alma.
Depois de dias e muitos dias...
Essas mesmas palavras escondidas
Abriram a porta e saíram.
Estão de volta ao mundo que existe fora de mim.